Um
dos temas mais discutidos durante o 20º Congresso Mega Brasil de
Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas, organizado pela Mega
Brasil Comunicação, de 23 a 25 de maio, que tive a oportunidade de acompanhar,
foi o impacto dos padrões éticos da sociedade no avanço da chamada Inteligência
Artificial, uma expressão que ganhou notoriedade a partir de 1980 e vem
acompanhando o acelerado ritmo da tecnologia durante esse período. A
própria adequação do termo que melhor se refere à inteligência similar à humana
exibida por mecanismos ou software foi questionada pelos pensadores convidados
ao debate. Para o cientista-chefe da IBM Brasil, membro da Academia
de Ciências de Nova York, Fábio Gandour, o que se aplica ao caso é
cognição automática. Afinal, diferentemente do cérebro humano, o dado ordenado
e útil capturado pela máquina não gera uma inteligência própria para ela.
Avanço
irreversível da robótica inteligente
Seja
qual for a melhor expressão, o consenso é que o avanço da robótica inteligente
é irreversível e a ética não se transformará em um limite para ele. “Os
objetos e os ambientes transformados em seres comunicantes estão batendo à
nossa porta”, afirma Lúcia Santaella, professora titular da
pós-graduação em Comunicação e Semiótica e na pós-graduação em Tecnologias da
Inteligência e Design Digital, na PUC, em São Paulo. Esses
seres vêm sob o nome de internet das coisas, realidade aumentada e outras
tecnologias. “Quando entrarem porta adentro, deveremos estar preparados
para conceber, sentir e nos relacionarmos com eles de modo inteiramente
distinto da maneira como sempre foram tratados”.
“Não
temos nenhum recurso para segurar o avanço da cognição automática”,
acredita o filósofo e escritor Luiz Felipe Pondé. “Nenhum
conflito ético poderá impedir o uso de um avanço tecnológico que traga um
resultado mais eficaz, que nos ajude por exemplo a chegar mais cedo a um
destino ou mesmo a adiar o nosso último efeito letal (a morte)”,
vaticinou. Para Pondé,
com o avanço da ciência, não saberemos mais o que é certo ou errado. No
contexto, o filósofo direcionou a seguinte pergunta para a plateia: “Se
um chip garantisse que você tivesse um filho perfeito, saudável e inteligente,
você manipularia geneticamente esse recurso ou não?” Boa parte das
pessoas preferiu refletir mais sobre o assunto. Pondé
acredita que haverá sim normas para estabelecer limites, mas eles deverão cair
com o tempo. “Qualquer freio ético para a evolução será ineficaz”.
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