segunda-feira, 5 de junho de 2017

Ética não vai barrar o avanço da Inteligência Artificial

Um dos temas mais discutidos durante o 20º Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas, organizado pela Mega Brasil Comunicação, de 23 a 25 de maio, que tive a oportunidade de acompanhar, foi o impacto dos padrões éticos da sociedade no avanço da chamada Inteligência Artificial, uma expressão que ganhou notoriedade a partir de 1980 e vem acompanhando o acelerado ritmo da tecnologia durante esse período. A própria adequação do termo que melhor se refere à inteligência similar à humana exibida por mecanismos ou software foi questionada pelos pensadores convidados ao debate. Para o cientista-chefe da IBM Brasil, membro da Academia de Ciências de Nova York, Fábio Gandour, o que se aplica ao caso é cognição automática. Afinal, diferentemente do cérebro humano, o dado ordenado e útil capturado pela máquina não gera uma inteligência própria para ela. 

Avanço irreversível da robótica inteligente

Seja qual for a melhor expressão, o consenso é que o avanço da robótica inteligente é irreversível e a ética não se transformará em um limite para ele. “Os objetos e os ambientes transformados em seres comunicantes estão batendo à nossa porta”, afirma Lúcia Santaella, professora titular da pós-graduação em Comunicação e Semiótica e na pós-graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital, na PUC, em São Paulo. Esses seres vêm sob o nome de internet das coisas, realidade aumentada e outras tecnologias. “Quando entrarem porta adentro, deveremos estar preparados para conceber, sentir e nos relacionarmos com eles de modo inteiramente distinto da maneira como sempre foram tratados”.

 “Não temos nenhum recurso para segurar o avanço da cognição automática”, acredita o filósofo e escritor Luiz Felipe Pondé.  “Nenhum conflito ético poderá impedir o uso de um avanço tecnológico que traga um resultado mais eficaz, que nos ajude por exemplo a chegar mais cedo a um destino ou mesmo a adiar o nosso último efeito letal (a morte)”, vaticinou. Para Pondé, com o avanço da ciência, não saberemos mais o que é certo ou errado. No contexto, o filósofo direcionou a seguinte pergunta para a plateia: “Se um chip garantisse que você tivesse um filho perfeito, saudável e inteligente, você manipularia geneticamente esse recurso ou não?” Boa parte das pessoas preferiu refletir mais sobre o assunto. Pondé acredita que haverá sim normas para estabelecer limites, mas eles deverão cair com o tempo. “Qualquer freio ético para a evolução será ineficaz”.

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