segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Eu me tornei um correspondente de guerra


Jamais pensei em ser um correspondente de guerra, mas acho que chegou a minha vez. Acredito que compartilhar informação ou experiências pode de alguma forma ajudar mais pessoas que também estejam travando o grande combate entre a saúde e a Covid-19. Essa guerra mundial contra o vírus tem um saldo catastrófico. Mais de 200 milhões de pessoas ao redor do Planeta já foram atingidas por ele, sendo 10% só no Brasil. Desse total, 4, 3 milhões de pessoas já perderam a vida, das quais 563 mil no Brasil.

Mas a guerra que gostaria de reportar é aquela que está acontecendo dentro de cada um que foi contaminado. Claro que são milhares de reações diferentes. A primeira de casa a ser listada para essa batalha foi a minha filha Gaby, 18, e logo na sequência entramos para o combate eu e o meu filho William, de 15 anos. De início, apenas a preocupação de como nossos sistemas imunológicos reagiriam a esses ataques interiores. Lembramos de familiares, amigos, conhecidos que se recuperaram bem, outros nem tanto, e outros que jamais se recuperaram. Em cenário de guerra, todo cuidado é pouco, mas a expectativa de vencer logo com toda a família é grande.

Cada dia acordamos e perguntamos um para o outro “como você está hoje?”. Vizinhos e amigos colocam-se a disposição para ajudar no que for possível. Meu vizinho Francisco, que chegou a ficar  mais de 40 dias internado e parte deles entubado, recuperou-se e está bem. Ele me ligou e me disse: Giba, cuide bem da sua oxigenação e recomendou que eu comprasse um oxímetro. Ótima ideia. Faço a minha medição e dos meus filhos todos os dias. Sorrimos uns para os outros quando o resultado se mostra normal. É uma preocupação a menos. Amigos e amigas de grande fé também passam pra gente a sua energia positiva que vem do Alto.

Meu amigo Edgar Pereira até se ofereceu para fazer uma compra e entregar em casa para eu não precisar sair. Muita gentileza em tempos de pandemia. Mas felizmente na frente do meu condomínio há um armazém que faz delivery. Meu filho continua nas aulas virtuais e também entretido com os amigos nos joguinhos digitais, o que faz esse período passar mais rápido. Minha filha está sentindo falta das amigas que também foram contaminadas. Ela está sentindo falta também daquela comida caseira que ela mesma ou a sua mãe preparavam antes de tudo isso. O comando nesse momento é delivery. Eu sinto falta mesmo é de caminhar ao sol, ir para a academia, passar na padaria, conversar com os amigos, enfim, de viver uma vida normal. Da parte do trabalho, sigo em Home-Office, como antes. 

A guerra lá dentro da gente continua, entre o bem e o mal. Precisamos manter nossos soldados fortes e resistentes, para vencer logo esse inimigo invisível que veio para destruir muita coisa. Precisamos nos manter motivados para passar logo por isso. Combinei com meus filhos de assistir juntos alguns filmes ou jogar alguma coisa, aquelas coisas boas em família que deixamos de fazer quando tudo estava bem.  O meu balanço de guerra é positivo. Afinal, estou lado a lado com meus filhos e posso abraçá-los quando quiser. Isso não tem preço, especialmente em tempos de pandemia.