Achei um dia numa livraria de São
Paulo, há mais de 30 anos atrás, um livro pequenininho como todos os pocket
books, por um preço muito baixo, mas que teria um valor inestimável na minha
vida no jornalismo. Word Pictures era o seu nome. Numa tradução não tão direta,
eu chamaria de Quadros Verbais. Vou sempre me lembrar dele, especialmente nesse
dia mundial do livro, instituído pela UNESCO em 1995. Ele me ensinou
que não bastam apenas palavras. Elas precisam formar uma imagem clara ou um
filme impactante sobre uma ideia na mente do leitor. São por exemplo as
analogias ou parábolas que há milênios são usadas com esse objetivo. O
Evangelho, por exemplo, está cheio de parábolas que tem impactado a vida de
milhões e milhões de pessoas por dois mil anos. Mas especificamente naquele
livrinho de bolso, um quadro verbal está marcado em minha memória até
hoje. Uma menina mandou para o seu pai, que tinha acabado de se separar
de sua mãe, uma carta reproduzindo, num quadro verbal, o novo contexto
familiar. Mais ou menos assim. "É a mamãe quem está dirigindo o nosso
carro agora, e não mais você, papai. Atrás, estou com meu irmãozinho. Mamãe
está fazendo o melhor possível para cuidar da gente. Mas de repente vimos um
outro carro vir inesperadamente na contramão e bater fortemente e de frente com
o nosso carro. Mamãe está bastante ferida. Eu também, papai. E meu irmão não
consegue mais falar. Mas antes do trágico acidente, papai, eu percebi quem
estava dentro do outro carro. Era você e uma outra mulher".
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