quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Mais do que consciência, vale a admiração e a gratidão

Maurício era o negro da família e junto com meus irmãos mais velhos vivia aprontando causos e causos na infância e na adolescência - para a alegria de todos. Estudou e trabalhou lado a lado com meus irmãos e meus pais. Criou e compartilhou na vida tantos momentos que futuramente ia contar tudo com seu vozeirão na roda familiar, já comigo na Terra. Ria sempre ao final de cada frase. Todos riam com ele. Que saudade daqueles momentos raros de ouvir o maior storyteller da minha vida. Maurício, quis o destino, também era dos Santos. Foi o filho e o irmão adotivo da família Santos até aquele dia que ele partiu já adulto, deixando seus próprios filhos. Em seus últimos momentos no hospital, a enfermeira perguntou à minha mãe, que lamentava e orava por ele. O que ele é da senhora? É meu filho, respondeu com toda naturalidade a nossa mãe. No meio dessa história toda, uma outra homenagem para a Dona Geralda, minha segunda mãe, também negra, que muito me embalou e ajudou a minha primeira a me criar em Araçoiaba da Serra. Mais do que consciência negra, temos na verdade que ter mais respeito, admiração e agradecimento por todos os seus grandes valores, que não têm preço!

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