Jamais esperava que um dia iria gerenciar a comunicação da
inauguração da maior festa alemã na maior cidade da América do Sul. Até então,
minha experiência estava ligada aos grandes desafios da comunicação na
competitiva indústria automobilística, onde já havia atuado como gerente de
comunicação das marcas alemãs Volkswagen e Mercedes-Benz, e das americanas
Chrysler, Jeep e Dodge. Sem contar a experiência como jornalista do Estadão e
Gazeta Mercantil. Quando fui convidado pelo presidente da WGroup, Walter Cavalheiro
Filho, para fazer parte de um time de profissionais com enorme experiência nas
várias áreas da organização de um evento que levaria mais de 75.000 pessoas a
Arena Anhembi, sabia que seria um desafio histórico. Para a empresa, para os
patrocinadores e apoiadores, para São Paulo e logicamente também para a minha
própria carreira.
A partir daquele convite, tínhamos apenas quatro meses para
estabelecer mais um forte abraço da cultura alemã na população paulistana. De
acordo com a Câmara Brasil-Alemanha, São Paulo é a cidade com maior número de
empresas de origem alemã do mundo. No Brasil o capital alemão representa
aproximadamente 10% do PIB industrial do país. A participação alemã no
desenvolvimento tecnológico e econômico do Brasil, e especialmente de São
Paulo, portanto, não é coisa pequena. É absolutamente gigantesca. Por isso, além
de muito trabalho e cooperação industrial, São Paulo mereceria também uma
grande festa cultural no estilo mais germânico de todos. Foi o que pensaram os
idealizadores do evento. Um brasileiro, o Walter, e um alemão, Philipp
Schiemer, presidente de uma das mais prestigiadas marcas do planeta, a
Mercedes-Benz, que se tornaria também o embaixador da grande festa.
Essa história, essa iniciativa, esse empreendedorismo,
enfim, essa grande festa, em tempos de crise no Brasil, precisava ser bem
contada, bem divulgada e muito compartilhada. Precisávamos deixar bem claro que
a festa alemã não se tratava apenas de um grande encontro em que jovens se
encontrariam para beber à vontade e agitar todo o pedaço. A exemplo da
tradicional festa de Munique, criada há 200 anos, deveria ser um evento para
receber com segurança, alegria e harmonia toda a família. Aí começava o meu
grande desafio, como gerente de comunicação. Por ser a edição pioneira, sabia
que não teria uma segunda chance para deixar uma excelente primeira impressão.
Em função do curto período de tempo para a sua realização, a grande maioria das
empresas potencialmente patrocinadoras já estava em maio com seu budget de 2017
comprometido.
O evento seria bancado totalmente pela iniciativa privada e
pelo volume de ingressos. A festa contou também com o fundamental apoio
institucional do Prefeito João Doria, que valorizou, desde o princípio até o
final, a iniciativa de mais um grande evento paulistano. Reuniões bastante
produtivas com a SPTrans, SPTuris, CET entre outros órgãos vieram colaborar
decisivamente para o sucesso do evento, como, por exemplo, com linhas especiais
para facilitar o acesso do público ao Anhembi. Adicionalmente a todos os esforços de comunicação que já
estavam sendo feitos, conversei com a renomada jornalista Cleide Silva, do
Estadão. Ela viu nessa iniciativa um exemplo de empreendedorismo que merecia
ser compartilhado com seus leitores. Veio então, em 28 de agosto, exatamente um
mês antes da avant première, a primeira grande matéria de mercado, na seção
MIDIA e MKT. Em quase uma página inteira, intitulada Empresas criam uma
Oktoberfest para São Paulo, e uma foto com os idealizadores em trajes típicos
alemães, ela contou toda a história, a coragem e o conceito que transformariam
a São Paulo Oktoberfest num dos maiores eventos da cidade, depois do Carnaval e
do Salão do Automóvel.
Logo depois fui pessoalmente conhecer o chefe de produção do
jornalismo da TV Globo de São Paulo, Cleber Cândido, a quem apresentei todo o
conceito da festa. De uma forma muito gentil, ele ouviu e se impressionou muito
com o tamanho do evento. A TV Globo, mídia oficial da festa, levaria
decisivamente a São Paulo Oktoberfest para os olhos e ouvidos de milhares de
famílias de todo o País. Foi um grande show de imagens e de cobertura
jornalística. As mídias sociais da São Paulo Oktoberfest atualizavam
diariamente as informações sobre as atrações musicais, gastronomia, rótulos de
bebidas, diversões, apoiadores, ingressos e mobilidade. Os mascotes, a onça
Munica e o bicho-preguiça Sampeca, circulavam em pontos da capital divulgando a
festa. Eles ganhavam a atenção da população e também espaço nas mídias sociais.
A realeza da festa também iam conquistando o carinho do público. Era formada
por uma Rainha morena, uma Princesa loira e outra Princesa Negra, valorizando o
conceito de diversidade e diversão representado no slogan: Onde o mundo se
encontra e a cidade se mistura.
Abriram-se os portões da Arena Anhembi no dia 28 de setembro
para a avant première da grande festa, com a participação de autoridades,
patrocinadores, apoiadores e a imprensa. Na ocasião, o prefeito João Doria
destacou a criação de mais de 1.200 empregos diretos e indiretos gerados pela
iniciativa. Em suas mídias sociais, as mensagens mais que positivas sobre a
festa superariam 480.000 visualizações. O evento estava lançado oficialmente. Durante todos os oito dias de festa, iniciada no dia 29 de
setembro, era comum ver até três gerações de famílias sentadas às longas mesas
saboreando pratos típicos alemães, levantando-se para dançar ao som de animadas
músicas daquele pais, e experimentando os mais variados rótulos de bebidas que
também seguiram a receita germânica. Crianças, jovens e adultos e idosos também
se divertiam no BierPark, o parque de diversão que também fazia parte da festa.
Nosso aplicativo específico colocava nas mãos do público toda a programação do
evento, facilitava a compra de ingressos e até serviu para o público avaliar as
bebidas oferecidas durante a festa. Os press releases também estavam
disponíveis com fotos no espaço de imprensa do aplicativo. Tínhamos também
horários específicos para a OnLive nos momentos mais animados da festa.
No total, além de uma agenda variada de músicas o tempo
todo, foram consumidas mais de 16 toneladas de pratos típicos dentro da tenda,
a Biertent. No espaço externo, foram mais de 10 toneladas de alimentos. Mais de
110 mil litros de bebidas foram consumidas também. O público paulistano levou a
sua educação para a festa. Por isso, não houve registro de incidentes sérios
que comprometesse o espírito festivo e familiar da primeira São Paulo
Oktoberfest. Esse era o clima desejado pela organização, que nem as chuvas que
caíram em alguns dias conseguiram molhar. A Alemanha deu assim um longo abraço
no paulistano. E acho que também recebeu dele um grande e caloroso abraço.
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