quarta-feira, 19 de julho de 2017

De volta à era da criação

Posto, alguém curte, logo existo. Para muita gente de todas as idades,  essa rotina se transformou no registro de nascimento e também no termômetro da vida. A existência passou a ser medida e confirmada a cada  clique. Se eu não postar alguma coisa hoje, eu não estou bem. Se não receber uma curtição no post,  estou pior ainda. Não é uma onda que passa cheia de excitação. É a grande era digital, que revolucionou e apagou de vez o jeito de viver e de trabalhar do passado. Mas como tudo nesse tempo atual é muito curto, já estamos vivendo numa nova era. Novamente, a Era da Criação. Somos todos criadores de mundos e fundos. Sofremos a era industrial, das máquinas que pouparam a força de nossos braços e pernas. Ganhamos a era da Informação e do Conhecimento, com o desenvolvimento tecnológico pipocando no mundo todo.  Então, com o acumulo da experiência humana de todas as eras anteriores, veio a globalização. O mundo ficou pequeno demais e virou o quintal de todas as sociedades distantes. O que antes eu comprava ali na esquina, eu passei a comprar em qualquer outro canto do planeta. Mudanças e variedades. Na atual era digital, absolutamente tudo passou a ficar ao alcance dos dedos. Tudo e todos. Não precisamos gritar para alguém nos ouvir. Basta digitar. Ou gravar quietamente uma mensagem. Multidões caminham silenciosas, trocando mensagens ruidosas na palma da mão. Estamos olhando cada vez mais para baixo. E muito menos para frente e menos ainda para cima, para Deus. E finalmente nessa moderna era da Criação humana, todo mundo ganhou recursos para criar o seu próprio mundo global. Eu posso escolher quem faz parte dele ou não. Tenho o poder de excluir dali a presença que não quero. Com um clique. Eu posso hoje criar e recriar o meu presente. Digito e posso construir o meu futuro. Logo, vou até poder reconstruir o meu passado para todo mundo ver e ter uma nova impressão de mim, um novo registro de nascimento. Se alguém curtir, logo existo. Se ninguém vir, eu já morri. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário