Quantas vezes ouvimos nossos mestres ou colegas de
jornalismo dizer, publicar e assegurar com muito orgulho no peito e convicção
na caneta e no teclado que a Imprensa representa o quarto poder de uma nação,
reforçando os principais pilares da democracia: Executivo, Legislativo e
Judiciário?
Na história recente de nossa democracia, cada um desses
pilares tem sido bastante bombardeado pela opinião livre dos cidadãos que tem
visto neles muita fragilidade humana, com um caráter tendencioso de muitos de
seus ocupantes. Perdeu-se a confiança e a credibilidade em seus ocupantes, mas
felizmente não em suas instituições. A democracia sobrevive, apesar de tudo.
Ela está consolidada no Brasil.
Mas infelizmente está acontecendo a mesma coisa com o até
então tradicional quarto poder. A imprensa enveredou-se pela mesma esquina dos
outros poderes, mostrou também suas fraquezas humanas, abandonou seus
princípios e tornou-se, em geral, superficial e tendenciosa. Vamos aplaudir e
valorizar as publicações e os jornalistas que não abrem mão de seu compromisso
com os fatos, com a notícia e com o público, acima de tudo.
O quarto poder defende sim a democracia, mas vem praticando
muito mais apenas a liberdade de expressão. Está esquecendo que o público busca
acima de tudo uma abordagem isenta e abrangente, mais factual. Por isso parece
estar perdendo a confiança e a credibilidade de seu consumidor de notícias.
Deveria, mas não está, consolidando seu papel fundamental de fonte confiável na
confusa era das fake news e das versões tendenciosas e superficiais.
A imprensa perde dessa forma também seu tradicional status
de quarto poder. Entra em cena o que minha colega Luciana Duarte, fundadora da
empresa Tete a Tete, uma das maiores experts em Marketing Digital no Brasil,
chama de o empoderamento do consumidor conectado. Encaixa-se nesse contexto
também o leitor e o eleitor conectados e antenados nas mídias sociais.
Assim, o poder de informar e formar opinião, típico de Clark
Kent, e que nós jornalistas tínhamos como uma força privilegiada e exclusiva,
tem sido passado e compartilhado com os usuários das redes sociais. Eles também
voam para todos os lados. A eleição de nosso presidente da República é apenas
um sinal claro de um novo cenário para as empresas, marcas, entidades,
profissionais e pessoas.
A imprensa, obviamente, continua com o seu papel fundamental
para a formação de opinião de muita gente, embora muita gente está preferindo
formar cada vez a opinião através de sua própria rede de relacionamentos.
Quarto poder ou quinto poder? O importante mesmo é não se deixar levar por
interpretações tendenciosas, saber discernir entre fatos, versões e fakes, e
avaliar muito bem riscos e oportunidades na era da comunicação e marketing
digitais.