Você deve ter a sua própria história com ela. A minha é a seguinte. Naquele doce período de menino aventura, ainda segurava nas mãos de meu pai ou de minha mãe quando ia para o ponto de ônibus. Só que no lugar de ônibus, havia na cidade como meio de transporte público apenas a Kombi. Lá de cima vinha ela e a gente torcia para que não viesse lotada. Aliás, se chamava Lotação. Estava quase sempre cheia de gente ou de histórias. Quando dava, a gente entrava e sentava ao lado de desconhecidos, mas naquele veículo todos pareciam ser da mesma família. Quando a Kombi vinha cheia, o motorista fazia aquele inesquecível gesto, esfregando o polegar no outros quatro dedos. Era o sinal que tínhamos que aguardar outra Kombi. Ela viria milhares de vezes naquele tempo de menino para me levar para a escola, para as compras no centro da cidade, para passear. Enfim, sem ela eu não ia para lugar nenhum. Mas um dia veio a primeira despedida. Ainda com muitos anos de vida pela frente, ela deixou a missão naquela cidade e cedeu lugar para os micro-ônibus. Depois esses deram lugar definitivamente para o ônibus. Era a modernidade do transporte público chegando. Passou-se muito tempo e após todos os encontros casuais que tive com a Kombi, eu vivi outro momento muito especial com esse veículo admirado em todo mundo, que sempre vinha e ia cheio de histórias de muita gente. Eu tive o privilégio de trabalhar na primeira casa da Kombi, onde era fabricada há mais de 50 anos. Sempre com muito carinho e orgulho. Saiam de lá novinhas em folha para milhares e milhares de outras casas. Então veio a segunda despedida. Ela deixaria de ser produzida no Brasil. E assim ela deixou para sempre a sua primeira casa no País!
https://www.youtube.com/watch?v=I_B4-UjQtD8&feature=youtu.be
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